quarta-feira, novembro 22, 2006

Strange Kind of Love

sexta-feira, novembro 10, 2006

Emoção inclusa

Inclusa. É como a emoção se encontra quando escrita. Na parafernália que a escrita e as escritas esgrimem, a emoção permanece inclusa, exaltando palavras que se inserem num contexto paralelo à realidade, ganhando anima quando lidas.

Porém, quem empresta essa anima: o leitor ou o autor?

Acredito que seja um esforço a dois, mesmo que a leitura deturpe o escrito, mesmo que a escrita seja, necessariamente, assíncrona; as palavras quando lidas transformam-se num lugar de encontro de ânimos, às vezes síncronos entre o leitor e o autor, outras vezes palco de gládios sem fim, que prometem relações de amor/ódio eternas.

Por isso, um livro é sempre um instrumento perigoso e a sua leitura a manobra mais arriscada: mexer na emoção inclusa é mexer em matéria vivíssima latente, ao qual o corpo nunca se adaptou, nem a emoção se conteve, corpo que em contacto com tal se pode desfazer, finar. Porque a emoção extravasa além dos limites do corpo, sendo por isso mesmo infinita.