sexta-feira, setembro 22, 2006

Adeus... espera... mais um café?


A despedida triste: Olhares sorumbáticos com pinceladas de saudade convertida em sal, projecção de um encontro num futuro condicional, esperança de ovo oco, realmente esmagado.

Há tristes amantes que sonham um sonho reencontrado, na certeza – porque reconfortante – que o amor ainda existe entre ambos, com vida perene, mas cintilante suficiente, para desabrochar…

Porém, não sou um amante triste. Sou um amante vazio.

Todos os meus pisa papeis parti, que molham agora o chão como sonhos derramados, em sémen para um futuro lugar presente.

Sim, agora que já acabei por rasgar todos os postais ilustrados, resta-me coleccionar novos.

A esperança também este lado dócil e fácil: o tempo (a constante por excelência), todo Ele potência, viabiliza todos os desfechos, que variam ao som das nuances de estados de espírito.

Por outro lado, um novo prisma surge: o tempo é a constante… para quem?

Nós morremos, e ele continua. O tempo é por si só eterno, porque se insiste em contar, ou seja, quem cá fica insiste em contá-lo. Por ridículo que pareça, o tempo é eterno porque quantitativo. Soma-se sempre mais um nanossegundo ao segundo anterior, mais pleno agora (porque mais um pedacinho de tempo contado se junta), e assim linearmente, o traço do tempo percorre o espaço.

Mas não será a qualidade que conta? De que forma a qualidade vence a pretensiosa eternidade do tempo?

Porque existem dois tempos: o Tempo e o tempo-vento.

O Tempo é a constante matemática. Será sempre sublime, porque em nós não existe, apenas se aplica.

O tempo-vento é um intervalo do Tempo aplicado. E porque o interlúdio não passa disso mesmo, este pode mesmo assim aumentar ou diminuir, obedecendo a uma inconstante: o nosso livre arbítrio. Mas será sua qualidade suficiente para alcançar a eternidade?

Sabemos bem que não, mas mais vale viver pouco e bom, que muito e mau.