terça-feira, agosto 29, 2006

Angústia vitoriosa?


“O psicótico vive no temor da queda (pelo que as várias psicoses não seriam senão defesas). Mas o receio clinico de uma queda, é o receio de uma queda que já se experimentou (primitive agony) […] e há momentos em que um paciente sente a necessidade de lhe dizerem que a queda, que ele tanto teme e que lhe mina a vida, já se verificou. O mesmo se passa, parece, com a angústia de amor: é o receio de uma perda que já se verificou, desde a origem do amor, desde o momento em que eu estava em êxtase. Era preciso que alguém me pudesse dizer: «Não esteja angustiado, você já a perdeu».”

Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso


A perda, como perda que é, não tem valor nem quantitativo nem emocional, para quem já perdeu.
Assim, a opção pela perda é uma dor menor (porque já conhecida) do que o êxtase da vitória, o extravasar, incomensurável à própria vida (porque ainda desconhecidas).
Haverá medo da vitória desconhecida?
Haverá perdas iludidas?


Haverá… desvias-te…?
­- bang! impacto angélico – e a vitória não era noutra direcção.

5 Comments:

At 6:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O ser humano comum tem necessidade de dominar a sua vida e todas as situações que surgem... no amor e em qualquer outra situação... E só podemos dominar aquilo que conhecemos, ou seja, o nosso passado...

 
At 12:05 da tarde, Blogger I said...

Tenho de discordar da Maria...a verdade é que, por vezes, nem o nosso passado podemos dominar, pelo menos quando se encontra com o de outras pessoas. Isso transformar-nos-ía em deuses que controlam não só a própria vida e desejos, mas também a dos outros.
O medo da perda e da vitória tem um valor puramente racional. O medo só surge depois de racionalizarmos qualquer coisa. Se não pensarmos tanto e nos "deixarmos ir" o medo não surge, apenas a eterna sensação de passo dado em frente.

 
At 3:33 da tarde, Blogger J. Vilas Maia said...

"Se não pensarmos tanto e nos "deixarmos ir" o medo não surge, apenas a eterna sensação de passo dado em frente."

Será essa sensação terna, invês de eterna?

Será o passo em frente uma fuga?

Será uma ingenuidade querer não pensar ?

 
At 10:24 da manhã, Blogger I said...

«Será essa sensação terna, invês de eterna?»
Não. A sensação é eterna. Porque foi algo que queríamos fazer e fizemos, sem pensar, sem "ses"´. E, assim sendo, foi um passo dado para a frente sem pensar em tropeções, em consequências. Porque, na paixão e no amor, esse permanente pensamento não nos deixa avançar e muitas vezes não usufruimos das sensações e dos sentimentos e dos momentos em pleno.
«Será o passo em frente uma fuga?» Apenas quando é encarado como um modo de não pensar e/ou encarar perdas ou vitórias.
Por outro lado, é com as perdas que também podemos lidar com as vitórias e vice-versa.
Uma fuga é corrermos enquanto olhamos para trás. Enquanto que para darmos um passo em frente sem medo, não precisamos de espreitar para os passos já dados, até porque o caminho pode ser diferente ou mudar de repente e por isso merece a nossa total atenção.
«Será uma ingenuidade querer não pensar?»
Não, pelo contrário. A ingenuidade faz com que não pensemos. Mas a partir do momento em que queremos ou não pensar nisso, deixa de existir ingenuidade, mas apenas mente e corpo já moldados por perdas e vitórias.

 
At 5:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

PENSO QUE EM AMOR... não se pode ganhar,,,, ou perder... o importante é apenas VIVER, sem se cobrar e estar disposto a recomeçar, sem querer acertar... pois, o acerto são os bons momentos que se leva da VIDA...
beijos , beijos, beijos....
sempre
SIL..............

 

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