segunda-feira, setembro 18, 2006

Futuro é ausente.


Abres mais uma vez o livro, onde os versos se tornam perversos, deturpação de sucessivas leituras, de uma realidade cada vez mais falsa e absurda.

Amar unilateralmente, como quem espeta o florete no ar, vazio de corpo, ausente de cópula.

Em todas as direcções lanças ataques, mas em nenhuma delas há corpo nem rasgos...

É equidistante o passado e o futuro, sendo ambos perto do presente. Lugar comum este equilíbrio; mas incomum seria a força de estender o presente no futuro. Não há vida no passado, apenas sobrevivência. E nessa situação apenas podemos andar em frente. Não faz sentido voltar a um ponto de partida que se finou em chegada.

Somos o real adiado, constantemente adiado.

“Porque não me amas?

Porque não te amo o suficiente?

Porque não sou opção? Que outras opções tens além de mim?....

Ah! já sei: no futuro…” – penso.

O futuro tem tudo. Lá habitam as serpentinas brilhos e os beijos… o fim da busca, o pousar das rédeas, o encontro com a esperança, o descanso final das cruzes, a defenestração dos terços partidos, o respirar fundo que pena por apneia… a paz inerte.


Porém, o futuro é ausente e a morte não é (hoje) opção.