terça-feira, junho 21, 2005

Reencontro (o que as mulheres me fazem...)

Reencontro.
Reencontro-te como combinado...
mistura de sons e sensações.
Prazeres
ardores mútuos,
permanecem como tela
de uma pintura a óleo,
que nunca se cansa de não secar...
sempre pronta a moldar-se,
por si
para si, em evolução.
Para mim, contemplação.

Tu.
Musa dos Mais.
Tusa dos demais.

De olhos in vitro espelhas a mais límpida das noites.
Nítida noite. Fria para os demais...

"–Que me queres?"
"–Quero-te!"
"– ... eu também!"

Recorremos, ali, à memória,
que pode perdoar, mas nunca esquecer,
toldando-nos de festas,
frestas de feliz ser,
lembrando-nos,
em uníssono,
o ser uno que fomos por breves instantes.
O rodopio. As investidas suspensas... as contradanças cantadas.

À memória do limbo vivido junta-se a vivência do agora.

O silêncio instala-se, sabiamente.

Por Luz difusa
nossos destinos entrelaçam-se,
saborosamente,
agora.

Demoramos os nossos passos.

Como quem brinca
com o tempo e espaço,
bradamos ao vento
uma máquina do tempo,
por forma a devorarmo-nos
com mais alento,
nos meandros dos faunos que fomos.

"– Somos hoje, o que interrompemos ontem..."
"– Somos já, se quiseres no amanhã..."

A realidade caiu sobre nós.
O tempo, como copo entornado num canto da vida.

" – Apaguemos a ausência! Vivamos a existência!" - disseste.

Decantado o mote,
desenlaçamos o passado ausente
como presente maldito,
delegando na lua
a tecelagem,
a prata,
dos uivos de sermos unos de novo.

"– O futuro a lua tece, enaltece, permanece, logo é imortal!"