terça-feira, junho 14, 2005

Post Mortem

A Agustina Bessa Luis disse: " a sua morte pouco importa, pois a obra dele para sempre ficará".
No entanto, fica sempre o vazio de quem sempre prometeu ser imortal. Eugénio de Andrade há muito que tinha cristalizado o tempo no verso, não lhe dando espaço para corroer fosse o que fosse, e torna-se diícil, pelo menos para mim, perceber como um artesão não consegue servir-se do seu próprio artifício...
No dia da sua morte, segundo a rádio, ele escreveu: "Numa manhã de Junho me vou." Não sei se a frase já estava escrita, faltando apenas o nome do mês, mas a mensagem é clara: fazer ver que se tem a consiência que a morte anuncia-se. Será o epílogo do "Branco no branco"?

Há uma música que canta que só Deus tem quem mais ama... eu penso que ninguém tem quem mais ama.

Abraço poeta! Vêmo-nos por entre os dedos dos teus versos!